Povo paiter suruí denuncia omissão do governo no combate ao vírus

BNC Amazonas - bncamazonas.com.br - 17/08/2020
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O estado com o maior número de casos e de mortes de indígenas pelo coronavírus é o Amazonas, com 3.950 casos confirmados e 186 óbitos

O povo indígena paiter-suruí denuncia a omissão do governo federal frente ao avanço da pandemia de Covid-19 na Terra Indígena (TI) 7 de Setembro, em Rondônia. Ali, vivem cerca de 1.800 indígenas.

Na quinta-feira (13) os doentes confirmados na TI chegaram a 50. No entanto há dezenas de casos suspeitos. Oficialmente, há casos confirmados em cinco aldeias. Estas, portanto, são, PIN Paiter e Joaquim (que têm os maiores números de infectados), Gapgir, Amaral e Lapetanha.

Mas, de acordo com a liderança indígena Celso Lamitxab Suruí, da aldeia Lapetanha, há casos suspeitos em pelo menos metade das 28 aldeias da TI Sete de Setembro.

"Em pouco mais de 15 dias a pandemia chegou ao nosso território e se espalhou por metade das aldeias dos suruís. A cada dia temos três ou quatro casos novos. Ontem (12) recebi ligações das aldeias Central e Tikan, informando que a pandemia chegou lá. Estão todos doentes, nas redes, precisando de médicos e testes", relatou Celso,

Na aldeia Lapetanha, onde ele mora, vivem 90 indígenas. Entretanto, 5 tiveram resultado positivo para Covid-19, inclusive o próprio Celso, que realizou o teste na última quarta-feira (12).

Entre os casos confirmados de Covid-19, quatro estão com quadro de saúde grave, e três estão internados no Hospital Regional de Cacoal. Segundo Celso Suruí, os três estão intubados e seu estado inspira cuidados.

Situação dos anciãos
A situação dos anciãos que mais preocupa o povo suruí. Dessa forma, eles temem perder suas lideranças, como está ocorrendo com outros povos indígenas atingidos pela pandemia.

Um deles é Perpera Suruí, 75. Ele é um ex-pajé dos paiter-suruís que "perdeu a função" após o povo dele ser evangelizado, na década de 1970.

Perpera inspirou o documentário "Ex-Pajé", de Luiz Bolognesi, que mostra como a maior entidade indígena perdeu sua função milenar. Além disso retrata como foi marginalizada após a aldeia Lapetanha se converter à crença evangélica.

Segundo Celso Suruí, ele Perpera recebeu o diagnóstico no início da semana e, na noite de quarta (12), o quadro dele se agravou. No entanto ele segue sendo assistido na própria aldeia, por opção dos indígenas. Sobretudo eles não confiam no tratamento prestado no Hospital Regional de Cacoal.

"Não deixamos ele ir pro hospital, pois todos nossos parentes que foram para lá reclamam que são mal tratados e não conseguem leito de UTI. O Perpera está aqui na comunidade, com suporte de um cilindro de oxigênio e de uma enfermeira do Dsei [Distrito Sanitário Especial Indígena, no caso, Dsei Vilhena]".

Outro ancião com Covid-19 é o cacique da aldeia Amaral, Iabibi Suruí, de 75 anos, que foi internado no Hospital de Cacoal na última segunda (10), também em estado grave.

Em toda a Amazônia brasileira havia, até a última segunda (10), 17.498 casos confirmados e 564 mortes por Covid-19 entre indígenas de 123 povos, segundo o boletim da Coordenação dos Povos Indígenas Brasileiros (Coiab).

Rondônia concentra 682 casos e 15 mortes. O estado com o maior número de casos e de mortes é o Amazonas. Este, portanto, também tem a maior população indígena do país. Dessa foram são 3.950 casos confirmados e 186 óbitos até a última segunda.

PIB:Rondônia

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