A Paixão de Jesus e a dos povos indígenas do sertão de Alagoas

Adital - http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=38093 - 06/04/2009
Os povos indígenas do Brasil vivem uma peregrinação de 500 anos de sofrimento, desrespeito e espoliação de suas riquezas naturais e culturais. Tiveram milhões de seus parentes massacrados e etnias exterminadas por todo tipo de violências. Mesmo nos tempos modernos, chama a atenção que esses povos sofrem com os meus ataques do período colonial!

No sertão de Alagoas vivem os povos Jeripancó, Karuazu e Katokinn no município de Pariconha; Kalankó, Água Branca e Koiupanká, em Inhapi. Há décadas lutam em defesa dos seus direitos, principalmente a demarcação da terra, educação e saúde. Mas o resultado é mínimo!!!

Destacam-se os Kalankó e Katokinn, cansados de acreditar nas promessas dos sucessivos governos, resolveram arriscar a própria vida e retomaram parte de seus territórios, entre 2008 e 2009. Mas mesmo com essa atitude extrema, os representes dos órgãos os ignoram! Estão lá abandonados à própria sorte, sofrendo a paixão de Cristo, celebrando seus rituais de penitência em seus terreiros.

Quaresma é um período de profunda reflexão, conversão e de mudança de vida. À semelhança de Jesus Cristo que se entregou totalmente ao reino de Deus, seus discípulos devem também os seus passos. Doar-se não pode limitar-se à boa intenção, mas é uma atitude radical e concreta em prol de uma Grande Causa.

No contexto atual, o mundo vivencia uma crise de ordem econômica, social e ética. O sonho pregado pelos neoliberais transformou-se em pesadelo para a humanidade. Guerras, conflitos, bolsas de valores e mercados financeiros em queda. Povos e nações morrem por uma causa sem Causa.

O lema da Campanha da Fraternidade instiga a repensar o sentido de viver imerso em tanta violência: A Paz é Fruto da Justiça. Quando se dá esmola a um pedinte, precisa-se perguntar por que o meu irmão está com fome, quando sobra muito nas mãos de poucos? Não dá para amaciar a consciência com um simples tostão.

A Paz é construída com o reconhecimento e conquista dos direitos dos trabalhadores sem terra, dos povos indígenas retornando para seus os territórios tradicionais, as mulheres andando de mãos dadas com os homens e as crianças brincando livremente em seus lares, ruas e escolas; quando os trabalhadores e trabalhadoras puderam dormir sabendo que seus empregos e o bem-estar de suas famílias estão garantidos. Finalmente, quando a juventude sair das ilusões das drogas e voltar a lutar por Utopias de justiça, de paz e de comunhão! Somente assim, a paixão de Jesus e da humanidade se transformará em Ressurreição cósmica.

* Missionário do CIMI-NE. Jornal

PIB:Nordeste

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