MP denuncia massacre contra índios em Juti

Correio do Estado-Campo Grande -MS - 16/03/2003
O Ministério Público Federal em Dourados já encaminhou à Justiça denúncia contra quatro acusados da morte do cacique guarani, Marcos Veron, ocorrida na madrugada do dia 13 de janeiro último, na Fazenda Brasília do Sul em Juti. Os procuradores consideraram a violência praticada por eles como um massacre.
De acordo com o inquérito concluído pela Polícia Federal, ocorreram pelo menos seis tentativas de homicídio qualificado, cinco crimes de constrangimento ilegal, cinco lesões corporais, seis sequestros, um crime de tortura mediante sequestro, um homicídio duplamente qualificado, além de disparos de arma de fogo e queima de fogos de artifício em lugar habitado.
Os acusados são Carlos Roberto dos Santos, Jorge Cristaldo Insabralde e Estevão Romero. Também está envolvido nos crimes o administrador da fazenda, Nivaldo Alves de Oliveira, que a exemplo dos demais, teve sua prisão decretada, mas encontra-se foragido. A Polícia Federal de Naviraí já abriu um novo inquérito neste mesmo caso para prosseguir nas investigações, nas quais mais pessoas são apontadas como envolvidas.
Na denúncia elaborada pelo MPF, o ataque ao acampamento dos índios, dentro da Fazenda Brasília do Sul, começou ao anoitecer do dia 12 de janeiro, um domingo. A primeira investida do grupo contra os índios aconteceu na entrada da propriedade quando os indígenas, incluindo homens mulheres e crianças, ocupando uma caminhonete, voltavam para o acampamento.
Na porteira encontraram vários homens fortemente armados, o que os obrigou a fazer uma manobra de retorno. Nisso, foram perseguidos por homens também armados, em outro veículo, por aproximadamente oito quilômetros. Na perseguição, essas pessoas passaram a efetuar vários tiros, dos quais um deles atingiu a perna do menor Reginaldo Veron, que estava na carroceria da caminhonete com duas mulheres e três crianças. Laudos periciais confirmam marcas de tiros na carroceria e em um tambor para água que os índios levavam para o acampamento.




Tentativa de massacre
Os indígenas com o garoto ferido deslocaram-se diretamente para o Hospital Evangélico em Dourados e não puderam mais retornar para a área. Horas depois, já na madrugada do dia 13, cerca de 40 pessoas chegaram ocupando vários veículos ao acampamento e surpreenderam os índios que ficaram na fazenda. Muitos conseguiram fugir a tempo mas o grupo conseguiu prender os líderes, o cacique Marcos Veron, seus filhos Ládio e Geisabel, além de Adélcia, esposa de Ládio; César, filho de Ládio; Cipriana Martins e Valdecir Caballero.
Todos foram colocados na carroceria de uma caminhonete Silverado e levados para uma área distante da fazenda onde teve início a série de torturas. Laudos médicos revelaram chamuscamento de pele no tórax de Ládio Veron, provocado por tochas de fogo utilizadas pelo grupo, além de escoriações e hematomas por todo o corpo. Eles ameaçavam queimar a vítima com substância inflamável, cujo galão estaria nas mãos de um dos componentes.
PIB:Mato Grosso do Sul

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